Mantenha
a Luz Acesa
Certa
manhã acordei, presa a lembranças de um episodio em minha vida, de grande
felicidade, abstraída do que acontecia ao redor e refém deste pensamento
inebriante, fiquei a devanear ( bem típico de Vata rsrsr) na possibilidade
cientifica em se repetir os episódios felizes, como uma máquina do tempo ... e
de repente me dei conta da armadilha; acordei; embora afirmem médicos e
neurocientista que a sensação de felicidade aumenta o sistema imunológico e
melhora o funcionamento de nosso organismo, creio que o melhor é estar feliz no
presente e no maior tempo possível, mas não esta felicidade volúvel, que se
alterna em função das coisas estarem acontecendo como eu desejo.
E digo que
é uma armadilha porque? Relembrando os ensinamentos de meus professores do Yoga
e Ayurveda sobre o ato do pensar, qualidade do pensamento, apoiando-nos no
passado ou no futuro raramente vivenciando o que esta no presente, na maior
parte do tempo estamos em algum lugar imaginário...relembrei as aulas sobre
Patanjali sobre as flutuações da mente; I-2 Yogas Citta Vritti Nirodhah; e
associei este hábito aos vícios em geral: beber, fumar, jogar, trabalhar, comer
chocolate, drogas, sexo, pensar de mais, gostar de se fazer de vitima, todos me
parecem frutos da mesma raiz; o que importa é o ato em si e sua repetição a
buscar pelo prazer. Tal qual a Roda da Fortuna no Tarô, vivemos hora em cima
hora em baixo, em circulo repetindo nossas buscas para ser feliz, geralmente
utilizando fórmulas já conhecidas quando conseguimos o que queremos,
perpetuando o resultado ou quando ocorre
a frustração mudando continuamente a fórmula para alcançar a dita felicidade,
outros ainda se regozijam na formula da busca pelo prazer e sua frustração.....
E não
paramos para refletir que 1 minuto após um momento de felicidade, já é outro
momento e como a natureza é criativa os resultados de uma busca repetida podem
já não ser os mesmos do minuto anterior, quando olho os cãezinhos correndo
ansiosos atrás do rabo, hora alcançando-os e satisfazendo-se, soltam-no para
logo depois voltar a correr atrás dele ou mordendo-o fazendo-o sentir dor e
afastar-se do próprio rabo olhando-o com desconfiança e rejeitando-o, comparo-os ao ser humano na sua busca
desenfreada pela felicidade. Vivemos uma vida inteira correndo atrás do próprio
rabo....
O que o
Yoga nos propõe, e é sua natureza essencial, educar nossa consciência que atua
em todos os planos do Universo manifestado, é imaterial mas é afetada pela
matéria (daí a importância de mantermos através do Ayurveda nossos elementos em equilíbrio). Meu professor explicava que é
mais ou menos assim: imagine uma lâmpada acesa dentro de um liquidificador
cheio de um liquido turvo; nossa consciência é a lâmpada e o liquido nossos
pensamentos; agora ligue o liquidificador, mas a lâmpada não é afetada pelo
movimento do liquido, permanece intacta e
luminosa dentro do vasilhame enquanto o liquido se agita freneticamente a sua
volta impedindo ver claramente a luz, quando desligamos o aparelho e o liquido
assenta enxergamos a luz. Assim é nossa mente, temos que educa-la a reencontrar
a Luz que permanece com brilho e intacta, presente o tempo todo, mesmo que
ocorram turbulencias a sua volta, a essência é a Luz.
O que
quero dizer é que perdemos tempo demais, tentando repetir “felicidades” que são
efêmeras e irreais, fazendo-nos distanciar da conexão com nossa verdadeira essência, o
melhor é irmos de uma vez em direção a nossa Luz, libertando-nos dos hábitos que
nos mantem atados a situações repetitivas de felicidade/ sofrimento e dor,
trazer a luz da compreensão para
vivenciar a experiência da Vida tal qual ela é, e não como gostaríamos que
fosse, não nos deixando abalar pelo movimento “das aguas turvas ao nosso redor”,
garantindo-nos paz interna e felicidade duradoura.
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