quarta-feira, 20 de julho de 2011

Impermanência

Demissões, desastres naturais, rompimentos, doenças e quaisquer situações novas, geralmente nos causam apreensão e ansiedade, mas são excelentes no que tange a refletirmos nosso nível de apego; a pessoas, coisas, situações, hábitos, etc...
O yoga e outras filosofias nos alertam para a compreensão desta verdade, pois tudo na vida é transitório; o corpo muda, os pensamentos mudam constantemente, a natureza  se altera várias vezes em um único dia, e a grande maioria vive  com a sensação de final feliz, de que  é para sempre, então quando nossa rotina é abalada, somos pegos de surpresa e nos sentimos perdidos e despreparados para as situações novas.
O Ayurveda nos educa para a observação constante do dançar dos cinco elementos em nosso corpo e no meio em que estamos inseridos, sentindo sua alteração a cada alimento ingerido, a cada flutuação do pensamento, as instabilidades emocionais, as mudanças de estação e temperatura durante o dia; o tempo todo estamos sendo afetados e estamos afetando o meio em que vivemos.
A impermanência é mais comum do que a estabilidade, mas temos a falsa impressão de que algumas coisas devem se manter inalteradas e nos apegamos a elas,  sofrendo quando a mudança chega , ou nos mantendo acomodados em situações que já não trazem aprendizados novos, alegria de viver, entusiasmo, paixão, e a vida segue  apática.
O número de pessoas com depressão, embora os novos tempos tragam inúmeras facilidades; e talvez até por isso mesmo; atinge desde crianças a sexagenários em número crescente, muitos não conseguem  encarar a dor; como meu pai diz; olhar  o touro e agarrá-lo pelos chifres, ou arregassar as mangas e por a mão na massa, bater o pó da roupa levantar e recomeçar de cabeça erguida.... e tantas outras expressões que ouvi em minha infância de familiares que viveram tempos bem mais difíceis... observo que na sua maioria,  as pessoas buscam pílulas mágicas, soluções rápidas e prontas, sem o mínimo esforço.
Gosto de observar coisas e pessoas, e não raro presencio interlocutores onde um entusiasmado conta algum episódio enquanto o outro está olhando o recado no celular, mostra impaciência contando os minutos para que a história acabe, me parece que a velocidade do twitter é  transportada para as relações “in natura” , mas não para as mudanças consideradas em primeiro momento como desafios ou situações ruins.
A meu ver, falta um ingrediente nas relações; ou melhor alguns;  compaixão, aceitação, contentamento, verdadeiro conhecimento de quem somos, ocupa-se todo o tempo com barulho e atividade para não ouvir o que bate lá dentro, para evitar deparar-se com esse ser estranho que mora dentro de nós.
Quando passamos por uma situação difícil e simplesmente aceitamos, de forma lúcida nos abrindo para aprender e encarar o problema, um sentimento de paz e compreensão ocupa o lugar da apreensão e incerteza, transcendendo nossa compreensão imediata e racional, expandindo nossa consciência para percebermos a real dimensão da dificuldade,  e as vezes descobrir  que o problema não era o outro e sim nós. Espernear não vai solucionar o problema mais rápido.
Aqui em casa costumamos brincar quando um de nós passa por mudanças, vamos dizer assim; não desejadas: Perguntamos, Tá com raiva? Se pendura no lustre. É uma forma de chamar para a consciência o ridículo do comportamento impulsivo, aí respiramos fundo, damos uma gargalhada e tudo fica em paz novamente.


                                              Site desta imagem: bloggdoteosofista.blogspot.com

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Procura-se um Guru

Lembro-me que no inicio do meu aprendizado no Yoga, uma questão me incomodava muito, o fato de, no Ocidente a grande maioria dos estudantes de Yoga não ter acesso a um Guru, pois sempre que buscava estudo sério sobre o tema, havia alguma referência sobre a orientação de um Guru como instrutor, sobre o perigo de se fazer certas práticas sem orientação do mesmo; como é o caso dos  Pranayamas. Então pensava, se não puder ir à India, ou ter a sorte de ser encontrada e reconhecida por um Guru, minha prática reduzir-se-á aos  Asanas (posturas físicas).

Foi quando tivemos uma aula com Sri Krishna, yogue, médico neurologista indiano; ele ministrava uma aula de meditação; pensei comigo, é a hora de tirar minha dúvida....e perguntei: Como podemos aprender Yoga no Ocidente, se à maioria dos estudantes falta a orientação e condução de um Guru para nos guiar no caminho? O que podemos esperar desta prática?

E ele com simplicidade e humildade me respondeu, mas vocês têm muitos Gurus. E eu pensei cá comigo...onde???? E ele; penso, observando as interrogações em meu rosto explicou: (Não lembro suas palavras exatas, então vou sintetizar o ensinamento que me foi transmitido)

Olhe a sua volta, o que vê? O Yoga não é somente Asana, comece pelos Yamas(disciplina ética) e Nyamas(regras de conduta que se aplicam à disciplina individual)  estes aprendizados você colhe e desenvolve todos os dias interagindo, observando, refletindo, meditando. Ouça os pássaros, os barulhos, o silêncio, a respiração, observe as estações,  o que as pessoas dizem ou fazem, as batidas do seu coração, todos são seus Mestres.

E percebendo o quão era pequena minha compreensão do Yoga, fiquei quieta, e fiz deste ensinamento minha prática diária, e todos os dias aprendo e alargo minha compreensão da vida, buscando cada vez mais coerência no meu pensar, falar e agir, buscando a atitude humilde do não julgar, observando o fora e o dentro de mim.

E a vida tem me trazido desde então inúmeros Mestres e aprendizados, esta semana mesmo, conversando com minhas alunas, elas fizeram qualquer comentário a respeito do meu cabelo, e eu brincando respondi: Só mesmo aquela bicha louca pra fazer uma descendente de Indio pintar o cabelo de loiro.... e uma delas comentou, eles (os bichas) são muito bons com os cabelos. Na hora não percebi o absurdo do que havia falado, disse que gostava do meu cabelereiro porque ele é alegre, bem humorado, não gosta de fofocas, usando o termo “bicha louca” para expansivo, alegre, despojado....sem conotação com suas escolhas pessoais, e como se uma India também não pudesse desejar seus cabelos loiros!!! Tal qual uma criança repete o que ouve na TV, sem perceber fiz um comentário lamentável, que traduz preconceito, quando na verdade respeito as escolhas individuais de qualquer natureza, não sou uma pessoa preconceituosa, senti vergonha por me expressar de forma tão pouco carinhosa ou generosa,  estamos desatentos a certas situações que ocorrem ao nosso redor, entramos na energia que paira no ar, a linguagem ou pensamento corrente sem ao menos refletir o que faz sentido para nós. Assim como vejo pessoas vestindo couraças de felicidade, quando não o são, usando máscaras de educados, de espiritualizados, de cultos, como se fosse vergonhoso sentir dor, sofrer por algo, mostrar limitações, enganam a si mesmos, evitando o aprendizado maior através do viver.  Cada qual, a sua maneira, vive,  todos,  buscando a felicidade e paz interna.

A prática do Yoga nos conduz com mãos carinhosas e pacientes ao aprendizado longo do lapidar-se diariamente, ser simplesmente o que se é, sem rótulos ou etiquetas de Marca. Somos humanos, como crianças aprendendo a ser gente grande, falhamos, erramos, nos enganamos, mentimos, fazemos outros felizes ou não..., enfim é a vida, uns um pouco mais conscientes outros menos, e vamos indo.

Há um trecho em “A Luz da Yoga” de Iyengar muito bonito que fala sobre isso:
...O Yogue compreende que sua vida e todas as suas atividades são parte da ação divina sobre a natureza, manifestando-se e operando na forma humana. Na batida de seu pulso e no ritmo de sua respiração ele reconhece o fluxo das estações e o pulsar da vida universal. Seu corpo é um templo que abriga a Centelha Divina. Ele sente que neglicenciar ou negar as necessidades do corpo e pensar nele como algo não Divino é negligenciar e negar a vida universal da qual ele faz parte. As necessidades do corpo são as mesmas do espírito divino que vive através do corpo. O iogue não olha para o céu em busca de Deus, pois sabe que Ele está dentro de si mesmo.
....Para ele (o iogue), o corpo não é um obstáculo para sua libertação espiritual, nem a causa de sua queda, mas um instrumento de aperfeiçoamento.

Quando entendemos e conseguimos ver o  Divino em tudo, somos inundados de amorosidade e incapazes de ferir qualquer Ser, por pensamentos, palavras ou atos.

Na visão do yoga a vida é extremamente simples quando assumimos o que pensamos, falamos e fazemos (por pior que seja), mostramos apenas o que realmente somos...e o que não for adequado vamos aprendendo a lapidar e  educar de forma a nos tornamos mais amorosos, generosos e melhores.


                                                                          

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Emoções Destrutivas

É freqüente nos consultórios, queixas sobre as emoções sem controle que nos inquietam, perturbam e atrapalham nossas vidas; paixão, ansiedade, pânico, ciúme, raiva, pensamentos constantes, pensamentos negativos, e tantos outros, trazendo-nos doenças, encrencas, desequilíbrios de toda sorte. Em busca do alívio, alguns  me consultam sobre a utilização da meditação para a cura de seus males, e observo que a maioria trata a meditação como um remédio que se busca na farmácia, toma, e os sintomas somem dali a uma hora, normalmente não se imagina que meditação implica também em um estilo de vida, em mudanças de hábitos, principalmente hábitos do pensar...

Lembro-me de algumas frases de Richard Bach onde em um de seus livros ele sita:
“Para viveres livre e feliz deves sacrificar a rotina, mas isso quase nunca é um sacrifício fácil.”

“Valorize suas limitações e, por certo, não se livrará delas”.

Geralmente as pessoas se apegam a um modo de sentir, de pensar e não largam, seguram como se esse fosse o bem mais precioso que elas tem, e a mudanças às vezes ocorre temporariamente para depois retornarem ao mesmo padrão.

Em 2008, envolvida nos estudos da meditação em função de um TCC (Monografia de conclusão de um curso de  Pós graduação em Yoga), encontrei autores que diziam ser a meditação uma técnica de fácil aplicação, possível a todas as pessoas e outros que diziam ser a prática mais difícil, que pode exigir de você “vidas” de dedicação.

Dentre as muitas consultas que busquei, encontrei dois livros de caráter científico que podem nos ajudar a entender de fato como se processa a meditação e o empenho que precisamos dedicar para ter resultados duradouros:
“ Como Lidar com Emoções Destrutivas” de Daniel Goleman e Dalai Lama; e “Neurofisiologia da Meditação” de Marcelo Arias e Roberto Simões.  Ambos, fruto de pesquisas científicas sobre o resultado da meditação no cérebro.

Segundo Richard Davidson; um dos principais pioneiros das neurociências afetivas; defende a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se desenvolver durante toda a vida, apresentou dados indicativos de que a prática da meditação poderia gerar uma plasticidade benéfica nos centros afetivos do cérebro, inibindo as emoções destrutivas e ao mesmo tempo, incentivando as positivas.

A meditação como veículo de Educação Mental, visa compreender e eliminar emoções tais como medo, raiva e apego, emoções matriz responsáveis por gerar uma variedade de desejos  que mantém o ser humano preso a um ciclo repetitivo de comportamento que o impede de se libertar do sofrimento.

O quanto é fácil ou difícil se libertar deles? Ai está a questão; é o quanto você valoriza estes sentimentos que o mantém preso a eles....e não faz nada para mudar.
Daí a importância destes estudos que nos auxiliam a perceber que é possível estimular o funcionamento do cérebro em uma área mais construtiva e positiva, tornando presente em maior tempo sentimentos como contentamento, calma, compaixão, coragem...

A pesquisa demonstrou que quando ativamos uma área do cérebro identificada como giro mediano frontal esquerdo acionamos atividades cerebrais emocionais positivas, Richard Davidson descobriu que quando as pessoas têm níveis altos dessa atividade cerebral naquele local específico do córtex pré frontal esquerdo, relatam simultaneamente sensações como felicidade, entusiasmo, alegria, alta energia e estado de alerta e que níveis altos de atividades num local paralelo do outro lado do cérebro (área pré frontal direita) correspondem a relatos de emoções aflitivas, portanto mais propenso a tristeza, ansiedade e preocupação.

Para aqueles que estão se perguntando: Afinal posso ter maior controle de minhas emoções com a Meditação? As pesquisas mostram que sim, porém implica na adoção desta prática de forma disciplinada, como disse, não se compra em forma de pílulas em farmácia.

Existem variadas técnicas para meditação que vão da mais simples as mais complexas, de caráter transcendental ou simplesmente terapêutico, o fato é que meditação como parte integrada do Yoga ( que tbem tem sua comprovação científica por sua ação no sistema neurovegetativo parassimpático) ou prática isolada, têm comprovações científicas positivas de seus resultados.

Em uma sociedade onde o indivíduo mediano está voltado para a busca desenfreada de prazeres, infelizmente colhemos dados como os  da Organização Mundial da Saúde (OMS) que segundo seus relatórios informam que em 2000 (em todo o mundo) 815 mil pessoas se suicidaram (provavelmente porque seus desejos não foram satisfeitos, ou foram!) ou ainda segundo dados da OMS alerta que por volta de 2020 todas as pessoas do planeta apresentarão sobrepeso, em outras palavras estarão obesas ( em função de seus desejos satisfeitos, ou não?...)

Portanto ainda temos tempo para começar exercitar  nosso cérebro de uma forma mais positiva e construtiva na tentativa de corrigirmos as emoções que nos afetam.

Cada pessoa, todos os fatos de sua vida ali estão porque você os pôs ali. O que fazer com eles cabe a você resolver....

Só precisamos , deixar o campo das idéias e passar para o campo da iniciativa.


                                                                  

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Geração Miojo



Durante aulas de yoga, observava a reação dos alunos durante a  permanência nos  asanas (posturas físicas) e suas reclamações; isto porque conseguem ficar nas posturas mais fáceis entre 30 a 40 segundos, no máximo 1 minuto e lembrei de um seminário com o filósofo Mario Sérgio Cortella, onde ele cita nossa atual geração miojo, onde tudo tem que ser prático, rápido: amor miojo, namoro miojo, sexo miojo, estudo miojo, trabalho miojo,  parece que tudo dura 3minutos, no caso de asanas, ainda se durassem esse tempo, ótimo, mas nem isso!

Pulam-se etapas, queremos  tudo pronto, como ele mesmo diz estamos distraídos, todas as coisas para acontecer dependem de um processo de construção, dá trabalho e as vezes demora.

Costumo dizer aos meus alunos, não tenham pressa, temos a eternidade para adquirir a perfeição na pratica do yoga e ayurveda, uma prática atenta, requer paciência, foco, observação externa e interna, desenvolver uma respiração profunda e lenta, humildade para aceitar nossos limites, mas busca-se o pronto, queremos tudo para ontem. E se demora, já deixamos de lado, trocamos de postura, trocamos de parceiro, trocamos de casa, trocamos de trabalho, não há a construção paciente do passo a passo, do aprendizado pela convivência, pela observação, forma pela qual foram edificados os asanas; através da observação do movimento de animais, da natureza, a percepção que um movimento desperta  na respiração e no corpo....

Mal falo Trikonasa, e a criatura já está com a postura montada, uns podem dizer fabuloso....não, não é fabuloso, pulou-se a etapa construção do ásana, sem as devidas observações das ações no corpo que fazem a construção deste asana, é como falar de forma compulsiva sem prestar atenção na construção do pensamento ou responsabilidade do que se fala...

E posso transpor esta visão para a natureza, cada estação demora 4 meses, para depois reiniciar todo o processo novamente, ano após ano. As interferências do homem na natureza; que quer tudo pronto; e rápido nos tem mostrado os resultados de sua pressa e ansiedade: vemos, por exemplo, em SP  ocorrer mais de uma estação em um único dia, será que no futuro teremos também estações Miojo!
Numa busca ansiosa pela praticidade assisti ao longo dos meus 50 anos: na minha infância, ir a feira e supermercados com sacolas e carrinhos de feira, buscar leite e refrigerante em garrafinhas de vidro retornáveis, colher os alimentos e ervas básicas do dia a dia na horta caseira; tudo orgânico..., depois vieram os saquinhos de papel, os saquinhos de plástico, caixas de papelão, embalagens e mais embalagens, na tentativa de ser prático, hoje estamos retornando a hábitos de 50 anos atrás para recuperar a saúde e não morrermos afogados em lixo....

Tanto o Yoga como o ayurveda, pertence a uma qualidade de prática que prima pela observação paciente, e se observarem a estação atual, o Outono, ele vai chegando devagarzinho, ocupando seu espaço, inicialmente o arzinho frio soprando uma folha aqui outra acolá, daqui a pouco,  tapetes de folhas vão se formando nas alamedas e finalmente se instala.

Nesse meio tempo nosso corpo está mudando devagarzinho, de mansinho, mas não há tempo de reparar, mais parecemos o coelho de Alice no País das Maravilhas, estamos sempre atrasados, olhando no relógio; que deve ser bem grande; para não se perder tempo em focar a vista para enxergar. E continuamos mantendo os hábitos de todos os dias, o que tira o suco gelado da geladeira e desliza goela abaixo, o faz com a mesma desatenção de sempre; é hábito... e o corpo sente.

E o corpo que se prepara para o recolhimento, para a interiorização, para o aconchego, para o adormecimento, é bruscamente despertado, como se acordasse sob o jato de um balde de  água fria na face. É claro que cada um sente de forma diferente as estações, mas há que primeiro se perceber estas variações.
E para aqueles que já conseguem perceber seu corpo apontando  outros comandos, principalmente se já conhece o seu dosha, se ele for Vata ou Kapha, vai começar a perceber a necessidade de alimentos mais cozidos, temperos um pouco mais picantes, a pele (no caso dos Vatas) ir ressecando, a necessidade de sair com uma blusinha  de manga comprida na bolsa para os fins de tarde e noite, uma meia para aquecer os pés.

No ayurveda algumas práticas simples podem ir ajustando o corpo para as mudanças: tomar água morna (com mel e limão para os Kaphas e Pittas e com uma pitada de sal e limão para os Vatas) pela manhã em jejum e final da tarde (apenas água morna), massagens com óleo aquecido ( cada dosha tem o óleo adequado, mas no geral pode-se utilizar o óleo de gergelim), chás com gengibre ou canela.

Vou repassar uma receitinha que um amigo ayurveda  utiliza durante o outono e inverno para se manter aquecido e com um bom sistema imunológico:

Ingredientes:
200gms de gengibre fresco,
2 xícaras de água,
2 xícaras de açúcar mascavo
Dois pedaços de canela em pau,
Modo de preparo:  ralar o gengibre e reservar.
Derreta em uma panela inox, o açúcar acrescente o gengibre, a água e a canela, deixe ferver em fogo baixo por 10 minutos.
Deixe esfriar, em  seguida passar tudo em uma peneira e colocar em geladeira , aquecer um  dedo de copo e tomar bem devagar pela manhã e a noite.

Bom Outono à todos

segunda-feira, 28 de março de 2011

Respire Fundo

Não sei se Walter Franco em 1978 quando compôs a musica Respire Fundo, fazia Yoga, mas quando abrimos os braços e respiramos fundo, podemos experimentar uma sensação de leveza, de paz, tal qual quando praticamos exercícios respiratórios no Yoga, ou quando respiramos; de forma consciente,  lenta e profunda durante os Asanas (posturas físicas). Sem falar na expressão corporal, que ao abrir os braços já nos transmite a  idéia de liberdade.

Isto porque tanto a forma como respiramos, assim como posturas corporais podem alterar estados mentais e emocionais.
Alguém aì já viu um depressivo assim:


                                                               

     Acho que não.....

Percebe? Você não vai encontrar um depressivo pulando de alegria! A postura corporal pode dizer muito a seu respeito. E a respiração é de fundamental importância no equilíbrio do; como você se sente. Existe uma relação estreita entre o seu ritmo respiratório e estados de consciência.

É comum ouvirmos após poucos meses de Yoga,  o comentário de uma mãe com filho superativo: ele está mais calmo, mais focado, dormindo melhor, ou de uma esposa observando seu marido estressado, dizer; nossa ele nem reclamou no transito .... ou que o outro sentia uma dor no peito e não sente mais....enfim são inúmeras observações que em grande parte, mesmo adotando-se uma prática de asanas simples, se ela estiver bem orientada na aplicação do respirar corretamente, o pouco que for feito terá um grande impacto na saúde do praticante: Aumento de resistência, maior concentração, melhor memória, sono repousante, melhora a capacidade pulmonar, atua sobre as emoções favorecendo a maior clareza, aumenta a consciência corporal.

Ah! Ro, só falta você dizer que emagrece, aí é perfeito! Pois posso lhe dizer que regula o peso tornando o corpo forte e com brilho.

Muitos podem argumentar, mas a respiração é uma função vital, de um jeito ou de outro temos que respirar, porém esse; de um jeito ou de outro; é que faz grande diferença. Quando dominamos o fluxo respiratório de forma consciente adquirimos maior estabilidade, autoconfiança prolonga-se a estimativa de vida e uma sensação de harmonia com a natureza, de estar de bem com a vida.

No Yoga estas práticas respiratórias recebem o nome de Pránáyáma e seu principal objetivo consiste em controlar as flutuações da mente através de exercícios que imprimem  a respiração um ritmo diferente daquele feito automaticamente, direcionando o seu fluir de forma lenta e profunda.

Pesquisas científicas já comprovaram a dificuldade em se ter pensamentos tristes, de  medo, ansiedade, quando respiramos de forma lenta e profunda.
O que você está esperando para usufruir de todos esses benefícios?
Procure a orientação de um bom professor:
                              


                          “Abra os Braços, Respire Fundo e Fique Feliz”



                                                                  

segunda-feira, 14 de março de 2011

O mestre Zen e o terremoto


Digo, “ não surpresa”, pois há anos o próprio Japão se prepara para tal evento; o que de fato evitou perdas ainda maiores;  cientistas todos os anos alertam sobre a necessidade de mudanças nos hábitos e atitudes preventivas tanto no que diz respeito as intervenções do homem na natureza como para eventos previsíveis, próprios da natureza do planeta.

Mas porque é tão difícil mudar?

Aqui, enquanto muitos ainda reuniam as fantasias, no Japão cidades inteiras em pouco tempo desapareciam.

Atônita frente aos noticiários que mais pareciam trailer de algum novo filme de apocalipse, somos convidados a repensar nossos: valores, emoções, hábitos, posturas diante da vida e muitos foram sacudidos por tsunamis internos.

Tais eventos talvez ocorram para que a humanidade evolua, expanda sua consciência como seres interligados que somos, fazendo-nos refletir sobre a impermanência da vida e  a importância de unirmos cada vez mais nossas capacidades intelectuais, criativas, espirituais, no sentido de buscarmos soluções harmônicas que beneficiem a humanidade e não a povos específicos.

Também nos lembra que o equilíbrio permanece dentro e não fora, atitude  discreta quase  submissa , que se pode observar no povo japonês, diante ao inquestionável  Poder das Forças da Natureza.

Termino com meus pensamentos e sentimentos mais elevados no sentido de somar forças aos que foram afetados por este evento, para que o superem o mais rapidamente possível e um conto Zen que recebi em hora oportuna.
Bjs, uma semana luminosa a todos



Aconteceu que um mestre Zen foi chamado como convidado. Alguns amigos haviam se reunido e estavam comendo e conversando quando, de repente, houve um terremoto. O prédio em que eles estavam era um prédio de sete andares, e eles estavam no sétimo andar, então a vida estava em perigo.

Todo mundo tentou escapar. O anfitrião, correndo, olhou para ver o que tinha acontecido com o mestre. Ele estava ali sem sequer uma ruga de preocupação no rosto. Com os olhos fechados, ele estava sentado em sua cadeira da mesma maneira que estava sentado antes.

O anfitrião sentiu-se um pouco culpado, sentiu-se um pouco covarde; não fica bem que o hóspede fique sentado e o anfitrião fuja. Os outros, os outros vinte hóspedes, já tinham descido as escadas, mas ele parou, embora estivesse tremendo de medo, e se sentou ao lado do mestre.

O terremoto chegou e passou, o mestre abriu os olhos e retomou a palestra que, por causa do terremoto, havia interrompido. Ele continuou novamente, exatamente na mesma frase - como se o terremoto não tivesse acontecido.

O anfitrião estava agora sem vontade de ouvir, não estava com disposição de entender porque todo o seu ser estava muito perturbado e ele estava com muito medo. Mesmo que o terremoto já tivesse ido embora, o medo ainda estava lá.

Ele disse: "Agora não diga nada, porque não serei capaz de compreender, não sou mais o mesmo. O terremoto me perturbou muito. Mas há uma pergunta que eu gostaria de fazer. Todos os outros hóspedes haviam escapado, eu também estava na escada, já quase correndo, quando de repente me lembrei de você. Vendo você aqui sentado com os olhos fechados, sentado tão tranquilo, tão imperturbável, me senti um pouco covarde - sou o anfitrião, eu não deveria correr. Então voltei e estou aqui sentado ao seu lado. Gostaria de fazer uma pergunta. Nós todos tentamos fugir. O que aconteceu a você? O que você me diz sobre o terremoto?"

O mestre disse: "Eu também fugi, mas você fugiu para fora, eu fugi para dentro. Sua fuga é inútil porque para onde quer que você esteja indo lá também há um terremoto, então é sem sentido, não faz sentido. Você pode alcançar o sexto andar ou quinto ou o quarto, mas lá também há um terremoto. Eu fugi para um ponto dentro de mim onde nenhum terremoto jamais chega, não pode chegar. Entrei em meu centro.

Isso é o que Lao Tzu diz: "Agarre-se firmemente ao princípio da Quietude". Se você é passivo, aos poucos vai se tornar consciente do centro dentro de você. Você o tem carregado o tempo todo, ele sempre esteve aí, só que você não sabe, não está alerta.

Uma vez que você fique alerta sobre ele, a vida em sua totalidade se torna diferente. Você pode permanecer no mundo e fora dele porque você está sempre em contato com o seu centro. Você pode passar por um terremoto e permanecer imperturbável porque nada toca você.

No Zen eles têm um ditado que diz que um mestre Zen que tenha alcançado o seu centro interior pode passar por um riacho, mas a água nunca toca seus pés . Isso é belo. Não quer dizer que a água nunca toca seus pés - a água vai tocá-los -, refere-se a algo sobre o mundo interior, o profundo interior. Nada o toca, tudo permanece fora, na periferia, e o centro permanece intocado, puro, inocente, virgem.
Osho, em "Living Tao"

quarta-feira, 2 de março de 2011

Yoga Uma Prática Muito Além do Físico

Hoje vou falar um pouco sobre Yoga, uma prática considerada por muitos como física.

Lembro que no meu primeiro curso de instrutor de Yoga; eu que nunca havia praticado; observava maravilhada  um colega de classe demonstrar posturas de forma impecável e quando houve oportunidade, perguntei-lhe: Há quantos anos você pratica Yoga?; na minha cabeça, vê-lo executar os asanas com tamanha perfeição me parecia que ele havia nascido em uma família yogui, quando para minha surpresa ele respondeu, é a primeira vez que pratico....foi um chamado interior....

E ignorante no assunto, fui buscar explicações “físicas” de como isso era possível, com o meus  professores na ocasião; Sérgio Carvalho e Dr. José Ruguê; que me responderam de forma simples e direta: você não sabe a quantas vidas ele vem praticando....

Porém esta prática conforme tive contato posterior, não era um treino apenas físico, muito mais do que isso, permanecer de forma estável e confortável em um asana, se traduz por; estar de forma estável e confortável para todas as posturas da vida. E só estamos tranqüilos e confortáveis nas posturas da vida,  quando somos verdadeiros com nós mesmos, quando estamos presente, quando somos autênticos e únicos.

Para citar apenas um aspecto do Yoga:
Imaginem uma complexa e intrincada rede elétrica percorrendo todo seu corpo, chamamos estas correntes de Nadis, uma vez manifestada uma emoção, rapidamente ela é transmitida para todas as células do seu corpo através de neurotransmissores. Vamos utilizar um simples exemplo apenas como reflexão, pensem quantas vezes em um dia dizemos Sim, quando na verdade queremos dizer  Não, apenas para sermos gentis ou não contrariar a quem gostamos, e depois fazemos algo diferente dando alguma desculpa tola para não ficar “mal na fita”, este comportamento é mais freqüente do que se pensa. Se ao emitirmos um pensamento, falamos de forma oposta ao que pensamos e fazemos diferente do que falamos, estamos gerando energias contraditórias.



A  cada emoção contraditória ou reprimida emitida por nosso sistema nervoso, tal qual depósito de resíduos descartados, vão sendo depositados em algum lugar do seu corpo, toxinas, e lixo acumulado, em algum momento pode tornar-se um  problema, já viram uma poça de água estagnada?
Este lixo estagnado pode se fixar em um órgão, nas juntas, nos músculos, ou nos grandes Chakras ; vórtices de energia por onde passam o maior número de feixes de energia (os Nadis) ; gerando dor, desconfortos, rigidez, entre outros sintomas.


A prática de asanas é apenas um dos aspectos do yoga que visam socorrer o praticante como uma forma de limpar este depósito de resíduos. O Yoga enquanto prática filosófica que compreende auto conhecimento,yama,nyama, asanas, pranayamas, prathiahara, dharana, dhyana e por fim samadhi, busca a libertação do homem que o prende a hábitos, emoções, pensamentos e comportamentos que lhe são nocivos.

E por isso ele inicia justamente ensinando conceitos que visam posicionar o ser humano conectado a  princípios  dos mais elevados.

Então quando o Yoga ensina a não ser violento, a dizer somente a verdade, a não roubar e todos os outros princípios, estamos com isso evitando a estagnação daquelas energias contraditórias dentro de nosso organismo, pois quando dizemos em não ser violento, não é uma atitude da boca para fora, não é algo que fazemos para sermos aceitos pela sociedade, mas consiste em um estado de espírito, um posicionamento interno.

Creio que o mais belo desta prática é justamente este trabalho de lapidação do Ser para tornar o Homem em Humano na maior acepção da palavra, pois ainda nos movemos conforme o instinto ( de medo,  preservação,  defesa...)

E enquanto efetuamos este trabalho interno; e temos a eternidade para isso; tal qual a caixa de entrada de nossos emails, vamos praticando Yoga –asanas para deletar os nossos spans.

Namastê, tenham uma ótima semana.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Em Sintonia com a Natureza


O Ayurveda (A Ciência da Vida) prega que somos compostos dos mesmos elementos formadores do Universo, os cinco elementos presentes na formação de todas as coisas, também estão presentes no corpo do Ser Humano, apenas variando em suas proporções, o que irá tornar cada ser, único em sua constituição. Vivendo em uma estreita simbiose, estamos sujeitos as mesmas leis e mudanças que regem a Natureza.
Portanto é fundamental que percebamos o quanto é importante os hábitos que cultuamos, e de que forma nossos hábitos podem interferir e perturbar o perfeito equilíbrio das leis que regem a Natureza, pois nossa harmonia e saúde dependem do equilíbrio com que interagimos o tempo todo com tudo que nos cerca, a nível mental, emocional, espiritual ou físico.

Para ficar mais claro, acompanhem a seguinte observação:
Em alguns países, as estações se fazem mais definida do que podemos observar aqui, estamos a Um mês, da entrada do Outono, salvo  as diferenças outonais percebidas nas diferentes regiões do país; ainda assim já podemos perceber um tom diferente, um ar mais fresco a noite, um pouco mais de vento, em alguns lugares, o show das quaresmeiras, outras deitando suas folhas douradas, enfim, estamos na intersecção do verão x outono. Alguns em maior sintonia com a Natureza já começam a perceber diferenças em seu organismo. E é aqui que o ayurveda oferece um conhecimento ímpar, ensinando-nos  a respeitar e compartilhar com a Natureza esta nova nuance. É quase uma dança, mudou o ritmo, mudou a música e dançar no ritmo da música anterior, é como dançar aché quando a música trocou para uma valsa, no mínimo você vai  parecer um tanto estranho.

A cultura Celta com seus rituais de solstícios e equinócios, enfatizava muito bem a importância das estações e a necessidade (até mesmo por um instinto de sobrevivência)  da mudança dos hábitos nas trocas de estação.
Observo por exemplo, que algumas pessoas acreditando ser saudável alimentar-se   de verduras cruas, se alimentam sempre da mesma forma o ano todo, desconsiderando a hora do dia, a temperatura, se está  acostumado a comer tudo frio, a beber água sempre gelada, estes hábitos se mantém, não respeitando  tempo, local, alimentos da época. Antigamente só comiamos verduras, frutas e legumes da época e da região, é claro que a tecnologia agrícola nos permitiu maior variedade assim como possibilitar a existência de alimentos em locais praticamente inóspitos, mas em um contexto geral também  proporcionou a luxúria,os exageros e desperdícios, a ponto de encontrarmos dados que comprovam que o número de pessoas famintas no planeta é praticamente igual a quantia de alimentos desperdiçados; isto significa que se você está comendo a mais do que necessita ou está jogando alimento fora; alguém está sem comer, por sua causa. Ayurveda também é consciência ecológica.

Mas voltando ao Outono, respeitando-se a constituição de cada um, nosso corpo começa a se adaptar a nova estação, então alguns Pittas (constiuição composta pelos elementos Fogo e Água em maior proporção) já começam a exclamar, Ai que bom, já ta mais fresquinho! Finalmente vou conseguir dormir..., os Vattas (constituição composta pelos elementos Éter e Ar) já estão lavando os casaquinhos para tirá-los do armário, o intestino pode estar dando sinais de ressecamento e as juntas já começam dar sinal de vida estralando... e os Kaphas (constituídos em maior porção pelos elementos Água e Terra) podem começar a sentir uma certa letargia, mais sono, aumento de muco corporal. O movimento dos 5 elementos é dinâmico, mudando de lugar e intensidade conforme as horas do dia, estações do ano, pensamentos, sentimentos, alimentos que ingerimos e outras alterações. Quando estamos em sintonia com a natureza, percebemos o movimento destes elementos em nosso interior, no nível mental, emocional e físico e fazemos as correções necessárias no intuito de mantermos a harmonia integral.

Então minha proposta é, aproveite a estação para senti-la, cheire o ar, observe seu estado mental e emocional, observe as mudanças que ocorrem em seu corpo, até que ponto estas mudanças refletem-se em forma de desequilíbrios. Aprenda com a Mãe Natureza e ouça os seus conselhos.







terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Questão de Prática

Meus alunos e aprendizes de ayurveda, já conhecem bem esta estória, eu a reconto várias vezes para que eu mesma me lembre sempre dela.....


Conta a lenda, que certo dia um arqueiro vangloriando-se de suas habilidades em acertar alvos difíceis e distantes, em meio a praça pública, um velho sábio que prestava atenção a cena, ao seu lado dizia a cada alvo atingido “ Questão de prática”. O arqueiro sentindo-se desafiado, buscava outro alvo ainda mais difícil, e novamente ouvia do sábio: “questão de prática” . Após vários alvos atingidos e sempre o mesmo comentário, o arqueiro não se conteve e indignado o chamou para um desafio. O velho sábio aceitou o desafio, desde que antes, o arqueiro pudesse provar  sua destreza em um outro feito, o arqueiro sem pensar aceitou.


Então o velho sábio colocou em sua frente dois tubos largos feitos de bambu, um deles contendo óleo e o outro vazio, e calmamente fixou uma moeda furada apoiada em dois filetes de madeira bem no meio do tubo de bambu vazio, pegou o outro contendo o óleo e o verteu pelo furo da moeda para dentro do vasilhame antes vazio.  


O arqueiro surpreso exclamou!  Mas isso é impossível, eu não consigo fazer o mesmo!!!
E paciente o velho sábio responde “Questão de Prática” e vai embora......

Alguns procuram no ayurveda e  no yoga uma alternativa para melhorar o sono, emagrecer, se livrar da ansiedade, do medo, da depressão, e o que posso dizer? O ayurveda e o yoga melhoram tudo isso, mas não são para isso....
Então introduzo uma prática inicial bastante simples para que comecem a ter consciência do seu corpo e de sua mente:

Tomar água morna pela manhã, limpar a língua, nariz e ouvidos.
E durante o dia: “Só coma se tiver fome, e só beba se tiver sede”

Após uma semana, pergunto quem conseguiu fazer a prática...com raras exceções, ouço inúmeras argumentos que os impediram de colocar a orientação em ação....
Porém todos os dias praticam com maestria a raiva, a intolerância, a falta de compaixão, o ciúme, a inveja, os pensamentos negativos, o comer compulsivo, o falar descontrolado, a maledicência, a cara feia, irritabilidade.....”Questão de Prática”, você escolhe todos os dias o que quer praticar, e com certeza será mestre na habilidade que escolher...

O Ayurveda e o Yoga nos ensinam a escolher melhor o que vamos praticar todos os dias.

                                                    E Você o que está Praticando?








domingo, 30 de janeiro de 2011

Prazer e Dor

Coincidente....ou não..., esta semana assisti um filme "O Sabor da Magia" (The Mistress of Spices) que, um dos temas abordados parece dar continuidade ao tema exposto anteriormente; sobre o cuidar; da atitude de cuidar como uma escolha. Me surpreendi com as críticas feitas, como sendo apenas uma história romântica e desnecessária, é claro que foi abordado de uma forma romântica, mas também existe beleza, sutileza, e para quem vai um pouco além da película superficial, terá a oportunidade de ter contato com conceitos que fazem parte da cultura Indiana e que valem uma reflexão mais profunda.


Por exemplo:
A íntima conexão e respeito pela natureza, conceitos muito presentes no Ayurveda.

O Poder das ervas (especiarias), base fundamental nos tratamentos Ayurveda

E; me parece o principal; o conceito de prazer e dor, fala sobre o desejo, as distrações da mente, quando o homem corre atrás do seu desejo e o sofrimento  quando o conquista; ou porque ele se frustra, ou porque perdeu a graça depois que conquistou, ou ainda porque lhe trouxe tantos problemas que deixou de ser prazeroso....

E finalmente a libertação, quando o nosso desejo mais forte é não ser mais escravo das oscilações mentais e emocionais em que nos vemos envolvidos durante a vida.
 ..... Segundo um grande sábio, é mais fácil conhecer seu ãtmã  (Alma Suprema) do que colher uma flor, pois no segundo caso voce tem que estender sua mão, enquanto no primeiro voce tem somente de olhar para dentro.... É a prática do recolhimento da consciência para dentro de si e não mudanças externas, é o processo de "deixar ir"......quando uma alma espiritualmente madura entrega-se de todo coração a Isvara. Trata-se de desprender-se de nosso apego às atrações e buscas da vida mundana e, neste processo, o progresso pode ser extremamente rápido. De fato pode ser executado instantaneamente. Além de rápido, o processo é realmente fácil, desde que estejamos infalivelmente determinados. Enquanto que o "reter" exige força e esforço, o "desprender-se" não requer qualquer força ou esforço e pode ser conseguido com uma simples mudança de atitude.( A ciência do Yoga - Taimni )
Quantos sofrimentos em nossa vida poderiam ser poupados se simplesmente "deixássemos ir", mas que por competição, orgulho, medo e tantos outros sentimentos que  nos confundem e distraem impedindo que tomemos a ação que irá nos libertar do sofrimento? A simples mudança de atitude....porque é tão difícil mudar....Observo o esforço Hercúleo dos meus "aprendizes de ayurveda" quando introduzo alguma mudança em seus hábitos que poderão favorecer melhor sua constituição; e as vezes começo pela mais simples; ainda assim lhes parece ter virado a vida de cabeça para baixo.....
Quanto ao final do filme....bom este vou deixar para que voces vejam a opção escolhida por seu produtor...
e quanto ao prazer e dor....é uma boa reflexão descobrir o que o mantém dependente de situações "aparentemente Prazerosas, mas que na verdade podem  estar lhe trazendo Dor....
Bjs

Por falar em especiarias, vou deixar uma dica ayurveda:
Cardamomo
Pode ser utilizado pelos 3 doshas. Não deve, porém ser usado em excesso. Qualquer exagero pode resultar em desequilíbrio. Sempre é bom lembrar que ervas também possuem contra indicações e em caso de gravidez, não devem ser utilizadas, a menos que se tenha conhecimento de seu uso seguro.

Esta erva é indicada para  reduzir  muco, então quando tomar leite, acrescente uma pitada de cardamomo.
Sabe aquele mingau de aveia com leite terá um efeito menos nocivo na formação de muco acrescentando-se esta especiaria.
Também pode ser utilizada para problemas simples de estômago, gripes,  dores de cabeça e como antídoto do café.
Ainda promove clareza e alegria.

Obs: Esta é apenas  uma dica  de prática saudável, não deve ser utilizada como tratamento. Somente um Médico Ayurveda poderá prescrever a correta dosagem enquanto tratamento específico.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quem Precisa de Cuidado...

Abrindo esta nova ferramenta de interação; espero compartilhar minhas experiências no campo das terapias: Ayurveda, Iridologia, Reiki, Yoga, Numerologia e da Música (minha primeira formação). Não sou expert em nenhuma delas, pois seria muita presunção me denominar profunda conhecedora de ciências tão antigas e de tão vasto conhecimento; só o ayurveda; embora existam controvérsias; fala-se em pelo menos 5000 a.C. Como iniciante na área do Blog, espero atualizar uma vez por semana a postagem.
E abro com o título Quem Precisa de Cuidado, porque independente de ser Terapeuta o Cuidar sempre foi algo muito presente em minha vida; primeiro em função da profissão de minha mãe; enfermeira; que não media esforços em ajudar a quem, de seus cuidados precisasse, não obstante as enormes dificuldades que a vida lhe impôs, sempre tinha e ainda tem tempo para os outros, e porque mesmo ainda na adolescência  sem saber o porque, meu ouvido e as vozes que precisavam desabafar.... se encontravam....

Em 2008 fazendo pesquisas para minha monografia do Curso de Pós Graduação em Yoga, tive contato com um livro de Leonardo Boff - " Saber Cuidar" - Ética do Humano - Compaixão pela Terra, onde encontrei profunda empatia com o conhecimento ali exposto e hoje entendo porque meus ouvidos se abriam para simplesmente ouvir.... compartilho aqui um trecho, deixando o gostinho pelo restante do livro:

...O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um  momento de atenção, de zelo e de desvelo.Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.

....Sem o cuidado, ele deixa de ser humano. Se não receber cuidado, desde o nascimento até a morte, o ser humano desestrutura-se, definha, perde sentido e morre. Se, ao longo da vida, não fizer com cuidado tudo o que apreender, acabará por prejudicar a si mesmo e por destruir o que estiver a sua volta. Por isso o cuidado deve ser entendido na linha da essência humana. O cuidado há de estar presente em tudo.

Este é um momento bastante oportuno para colocar em prática o cuidar, em meio a tantas tragédias provocadas pela chuva, tenho certeza que todos temos alguma habilidade para cuidar do outro tornando menor o sofrimento humano.